O documento disponibilizado pelo governo de Minas revela que a avaliação da CODEMIG, utilizada no processo de adesão de Minas Gerais ao PROPAG, considerou apenas o fluxo de dividendos, ignorando o valor das minas de nióbio e o potencial estratégico das terras raras. Apesar disso, a combinação dos dois ativos (CODEMGE e CODEMIG) já seria suficiente para cobrir os 20% necessários da dívida do Estado com a União.
 

A lacuna na avaliação

O relatório Valuation CODEMGE – Novembro de 2025, que atribuiu à empresa o valor de R$ 4,591 bilhões, limitou-se a avaliar o fluxo de dividendos decorrentes da participação de 5% da CODEMGE na CODEMIG. Conforme consta no documento, o que foi avaliado da CODEMIG foi tão somente o fluxo de dividendos, sem incluir o valor das jazidas de nióbio em Araxá – as maiores reservas comerciais conhecidas no mundo –, nem o potencial de exploração de terras raras, recentemente incorporado ao acordo com a CBMM.
 

O valor real subestimado

É importante destacar que, por ter avaliado somente o fluxo de dividendos e não o valor integral das jazidas e do potencial exploratório, o valor real da CODEMIG tende a ser significativamente maior do que os R$ 33,10 bilhões apontados no relatório. Essa metodologia conservadora ignora ativos tangíveis e estratégicos que compõem o patrimônio real da empresa.
 

A matemática que favorece Minas Gerais

O Ofício encaminhado pelo governo de Minas ao Tesouro Nacional deixa nítida a dimensão do potencial subutilizado:

• CODEMGE: Valor de R$ 4,591 bi (considerando apenas o fluxo de dividendos da CODEMIG e seus ativos)
• CODEMIG: Valor presente dos fluxos de dividendos projetados de R$ 33,10 bi

Somados, os dois ativos alcançam R$ 37,691 bilhões, valor que supera os R$ 36,2 bilhões necessários para quitar 20% da dívida de R$ 180,9 bilhões com a União.
 

Estratégia de majoração da participação

O documento oficial prevê a possibilidade de ajuste da participação da CODEMGE na CODEMIG para atingir o valor necessário. Atualmente em 5%, essa participação pode ser majorada progressivamente:

Valor dos 5% da CODEMIG: R$ 1,684 bilhão

+ Outros ativos da CODEMGE: R$ 2,907 bilhões

= Valor Total da CODEMGE: R$ 4,591 bilhões

Juntando as duas peças no cenário atual:

CODEMGE (R$ 4,591 bi) + CODEMIG (R$ 33,10 bi) = R$ 37,691 bilhões

Veja a magia: mesmo com a avaliação subestimada, a soma dos dois ativos já é suficiente para pagar os R$ 36,2 bilhões necessários! Isso mostra o poder desses ativos.

Aumento gradativo da participação da CODEMGE na CODEMIG:

Cenário 1: Participação de 5% (Atual)

• CODEMGE vale R$ 4,591 bilhões (como já vimos).
• Conclusão: Sozinha, não é suficiente para quitar os 20%.
   

Cenário 2: Participação de 50%

Se a CODEMGE passa a ser dona de METADE da CODEMIG, o valor que ela representa sobe drasticamente.

50% da CODEMIG: R$ 16,84 bilhões

+ Outros ativos da CODEMGE: R$ 2,907 bilhões

= Novo Valor da CODEMGE: R$ 19,747 bilhões

A CODEMGE sozinha já cobre mais da metade do valor necessário.
 

Cenário 3: Participação de 100% (A Fusão)

Neste cenário, a CODEMGE absorve a CODEMIG completamente. Ela se torna dona de TODA a CODEMIG.

Valor total da CODEMIG: R$ 33,10 bilhões

+ Outros ativos da CODEMGE: R$ 2,907 bi (que, somados a outros ajustes, totalizariam ~R$ 4,95 bi)

= Valor da CODEMGE "Fusionada": R$ 37,691 bilhões
 

O potencial ignorado

A subavaliação é ainda mais significativa quando se considera que:

• As minas de nióbio de Araxá não foram valorizadas como ativo;
• O acordo com a CBMM inclui a exploração de terras raras;
• A parceria foi renovada por 30 anos, prorrogável por mais 15;
• A demanda por nióbio deve crescer 3% ao ano até 2034.

A utilização integral desses ativos, com a majoração da participação da CODEMGE na CODEMIG, permitiria a Minas Gerais quitar a parcela exigida de sua dívida com a União sem abrir mão de outros patrimônios estratégicos.

Qual o motivo do governador Zema e do vice esconderem tanto a CODEMIG e a CODEMGE enquanto tentam vender a COPASA e a CEMIG desnecessariamente?