09/11/2015
O subsolo do fundo do poço
“Olhe o mundo com a coragem do cego, entenda as palavras
com a atenção do surdo, fale com a mão e com os olhos,
como fazem os mudos!”
Cazuza
É mais fácil uma criança recém-alfabetizada ler e entender obras como Guerra e paz, de Tolstoi ou O Pendulo, de Foucault, do que nós, meros mortais, tentarmos entender a nossa SRE.
Um marciano desatento que olhasse os últimos acontecimentos em nossa Secretaria teria a certeza absoluta de que nossa arrecadação está atingindo níveis estratosféricos, pois o foco está sendo desviado e as pessoas que deveriam tomar o timão estão preocupadas com tudo, menos com a arrecadação e com a população mineira.
Em uma de nossas superintendências está acontecendo uma nobre campanha de angariar fundos e donativos para uma instituição filantrópica. Por mais justa que seja a campanha, esse não é o papel dos servidores da fazenda, ainda mais acontecendo dentro do prédio público. Será que uma superintendência da saúde, por exemplo, iria obter o mesmo sucesso numa campanha parecida?
Em outra superintendência foi anunciado o nome do novo coordenador de fiscalização, familiar de um ex-deputado que foi condenado pelas urnas e, mais grave, o próprio coordenador tem seu nome na famosa lista de furnas, do mensalão tucano de Minas Gerais, como sendo um dos destinatários das “doações”. Como se fosse pouco, um parente muito próximo do mesmo é sócio de um escritório de advocacia tributária que tem como outro sócio um parente próximo de um certo ex sub-secretário da receita.
Quando pensamos que estamos no fundo do poço, descobrimos que podemos descer mais ainda com atitudes paradoxais ao bem comum.
Os favores continuam sendo trocados e a máxima de Antônio Brasileiro continua a todo vapor : “Ganhar é melhor que perder, mesmo que sejam cabelos brancos.” Difícil de entender isso na SEF atual, Foucault que o diga.