27/10/2015
Hypokrinein
"Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia
Que insiste em nos rodear"
Lulu Santos
Foi anunciado, pelo Superintende Regional da Metropolitana, que a Administração Fazendária de Nova Lima terá seu último dia de funcionamento no dia 30 de novembro próximo.
A decisão começou a ser tomada quando o contrato de aluguel do prédio onde funcionam as instalações da Administração Fazendária teve de ser renovado com a cúria metropolitana, dona do imóvel. O valor do reajuste foi o primeiro e principal argumento para que o superintendente iniciasse o processo de fechamento da Unidade e culminou com argumentos que a “nova cúpula” da SEF tem entre seus objetivos: a redução de despesas e Unidades. Porém, alguns números chamam a atenção, principalmente quando se comparado a outra situação no estado.
Números da Administração Fazendária de Nova Lima:
População: 95 mil
Empresas atendidas: 10 mil
IPVA 2015: R$ 35 milhões
ITCD jan/set 2015: R$ 7 milhões
Servidores: 05
Gasto mensal com salários: R$ 71 mil
Aluguel: R$ 3 mil
Atendimentos por ano: 4 mil
O Fechamento desta Unidade além de dificultar a vida de 95 mil pessoas, traria um transtorno imensurável para a Prefeitura Municipal, mais de 10 mil contribuintes, vários contabilistas e dezenas de advogados.
Fiscalizamos IMPOSTOS, como o próprio nome diz, que é imposto, que é colocado, posto e que se obriga a aceitar. E, como não é voluntário, além de impormos estamos causando dificuldades para o recolhimento dos mesmos, caminhamos na contra-mão da história.
Números de três AFREs lotados na DFT de Uberaba que não frequentam nenhuma Unidade:
População: 35 mil
Empresas atendidas: ZERO
IPVA: ZERO
ITCD: ZERO
Servidores: 03
Gasto mensal com salários: R$ 92 mil
Diárias de viagem mensal: entre R$1500,00 e R$2.000,00
Combustível: maior gasto da unidade pagadora
Atendimentos por ano: ZERO
Os auditores foram designados para trabalhar no pontal do triângulo mineiro onde funcionavam dois Postos de Fiscalização que foram fechados. Por mais fantástico que possa parecer, o principal trabalho dos AFREs em questão é a fiscalização de extravios. Isso mesmo, a leitura está correta. Em um local com rodovias estaduais e federais sem nenhum posto de fiscalização, asfalto em ótimo estado de conservação e nenhum empecilho para o tráfego de caminhões a DFT de Uberaba coloca três servidores com média salarial de mais de R$ 30 mil para vigiar estradas secundárias, de terra batida e balsas para travessia de rio e ainda paga diária de viagem para os mesmos. Além de ser estranho imaginarmos três servidores dentro de uma viatura, quando o comum e frequente são dois.
Ora, a SEF quer nos convencer que o valor economizado no aluguel da Administração Fazendária de Nova Lima é melhor aproveitado nas diárias de viagens dos três auditores? Que o trabalho inócuo no pontal, que é motivo de revolta dos servidores daquela região, é mais importante que o da região metropolitana? Isso, além de irresponsável, é improbo.
Só mesmo o título para conseguirmos entender o que acontece, hypokrinein nos remete à Grécia antiga e se refere aos atores que, no palco fingiam ser outras pessoas, representavam, ou seja, hypokhrinesthai, “fingimento” ou simplesmente hipocrisia.