08/07/2016
A burka
“Os cães ladram, mas a caravana passa.”
Provérbio português
A burka é uma veste feminina símbolo do Talibã (grupo ultra-radical islâmico), usada principalmente nas regiões do Afeganistão e Paquistão. Ela cobre todo o corpo, até o rosto e os olhos, onde existe uma tela que dá à usuária uma visão parcial e limitada do mundo.
Os acontecimentos dos últimos dias na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em especial ao PL 3503/16 da reforma administrativa, levam-nos a acreditar, infelizmente, que muitos colegas filiados a outro sindicato veem o mundo através da tela da burka.
Custa-nos crer que ainda existem pessoas que acreditam numa rivalidade fictícia entre os grupos X e Y, entre colegas sindicalistas e administração ou entre o sindicato e associação. Uma rápida passada na história dos colegas mostra-nos que são galhos de uma mesma árvore, vieram de uma mesma semente e intercalam-se nos três postos de comum acordo e de comum apoio. A visão do todo se faz necessária para a compreensão dos fatos.
A participação da Subsecretaria da Receita durante a votação do Projeto foi algo surpreendente. Isto porque, não estava sendo discutida nenhuma matéria afeta àquela Subsecretaria. Não estava sendo discutida nenhuma alteração em lei tributária que demandasse a participação da SRE. O SINFFAZFISCO presenciou na ALMG uma estranha atuação da SRE, diretamente e por meio de seus prepostos, inclusive usando celular de um sindicalista, para acompanhar e subsidiar esses sindicalistas e falar com Deputados e assessores da ALMG.
Não bastasse o uso de ligações telefônicas, a SRE enviou seu assessor pessoal, o Sr. Eduardo Silva da Silveira (que não tem função alguma de Assessor Parlamentar), para juntar forças com um sindicato que defendia emendas contrárias ao texto que o governo enviou (113 e 188), e que a todos os Deputados e autoridades da ALMG era apresentado pelo sindicalista como “representante do Secretário de Fazenda” (quando se sabe que não era).
Com essa dobradinha SRE/Sindicato, as emendas “jabuti” acabaram sendo aprovadas de forma escamoteada, incluída no texto sem que o governo se apercebesse, o que somente ocorreu ao final da votação. Veja abaixo, a confissão do referido Sindicato sobre a participação e colaboração do Subsecretário da Receita na aprovação de emendas contrárias ao próprio Governo do qual participa:
Fonte: (http://sindifiscomg.azurewebsites.net/pagina/interna/5201#.V36mIvkrLDc)
Acreditar na heterogeneidade desses grupos é tão ingênuo quanto acreditar em Santa Claus ou em Harry Potter. É ter uma visão muito infantil e inocente da realidade que os ronda.
A interferência da Receita Estadual, por intermédio do assessor pessoal do Subsecretário, de mãos dadas com um sindicato que trabalhava contra os interesses do próprio Governo é algo muito sério, e por isso o SINFFAZFISCO quer obter respostas sobre essa estranha parceria. Afinal de contas, o SINFFAZFISCO nunca obteve apoio da SRE para ajudá-lo em suas lutas contra as decisões de Governo, ao contrário, sempre teve nesse Órgão um ferrenho opositor de todos os interesses dos filiados do SINFFAZFISCO. Se a SRE está disposta a ajudar Sindicato, usando de assessores do Governo e telefonemas a líderes da ALMG, que o faça, mas pensamos que o governo não vai gostar muito disso, afinal, de que lado ela está?
Já o SINFFAZFISCO, certamente, nunca contou com esse apoio, pois está sempre e incansavelmente abrindo trincheiras para conseguir ao menos dialogar institucionalmente com o Sub da Receita, o que nem sempre consegue. Como será que se chama a parceria intestina de um Sindicato com a Administração? Se não é “peleguismo” estamos procurando outro termo. Pela parte do Sindicato, peleguismo se aplica bem, mas da parte de órgão integrante do Governo que trabalha contra ele próprio, de mãos dadas com um Sindicato, o que seria mesmo?
É no mínimo estranho ver colegas lotarem as galerias da ALMG depois que o projeto mãe já havia sido votado, exatamente como TODOS os sindicatos da SEF sabiam que seria, e, enquanto comemoravam um fato consumado, o principal objetivo daquele sindicato ia ralo abaixo (impedir a extinção de cargos vagos). Conseguiram comemorar a saída do bode da sala, correndo sério risco de seu retorno, mas acompanhado de seus filhotes. Não teria sido uma vitória de Pirro?
É triste ver que colegas ingênuos compraram a ideia de que o SINFFAZFISCO e seus representados (Gestores e Auditores da Receita) são inimigos e não colegas e parceiros. Não enxergam que essa luta disseminada tem o único objetivo de camuflar incompetências e que isso não será sadio para nenhum servidor da Secretaria de Estado da Fazenda.
O SINFFAZFISCO, mesmo não tendo uma única derrota sequer no PL, optou por não fazer estardalhaço no que era sua obrigação como sindicato.
Sonhamos em ver as pessoas despidas de preconceito e principalmente, despidas da burka, ter a visão ampla e geral do mundo.
A DIRETORIA